No ano de aniversário dos 70 anos de morte do escritor, a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), que acontece de 1o a 5 de julho, elege como autor homenageado Mário de Andrade – grande nome da cultura brasileira, figura fundamental do Modernismo. A organização da FLIP ressalta a atualidade do autor: “Mário trouxe questões centrais para novos debates sobre o país, a vida cultural e a literatura.” Segundo Paulo Werneck, curador do evento, “Mário é um autor para o Brasil do século XXI, com vida e obra a serem redescobertas, rediscutidas, postas em debate”. Café – O romance inédito e mais esperado de Mário de Andrade E nesse clima de comemoração estão confirmados vários lançamentos. O principal eles é o inédito Café, que, segundo Mário, seria “um romance de páginas cheias de psicologia e intensa vida”. Mário morreu em 1945, vítima de um infarto, sem ver publicada o que acreditava ser a sua obra-prima. É com grande orgulho que trazemos a público essa comovente história que tem como pano de fundo a crise do café e as situações e curiosidades sobre as colônias de imigrantes na cidade de São Paulo. A edição conta com um dossiê de imagens que trata dos bastidores do processo de criação do autor; além disso, o texto é fixado pelos maiores especialistas do autor – os professores e pesquisadores do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
"O que dizer desta pessoa que acabei de conhecer e já considero pakas?", pois é, isso resumo o que sinto ao ler apenas um livro de Mário de Andrade, enviado pela Ediouro e um românce inédito de um cara master maravilhoso e que será o homenageado na FLIP desse ano.
Acontece que desde pequenos sabemos o nome de autores clássicos, grandes artistas brasileiros e somos obrigados a saber tudo sobre eles e isso acaba criando uma barreira entre nós e esses tops do Brasil. Ai que se não fosse pela Ediouro ter me enviado, eu nunca teria percebido e entendido o que meus professores sempre tentaram de uma forma chata, me explicar: gênial.
Não tem outro adjetivo para definir o quão genial esse cara é e acho que esse livro só mostra mais ainda os motivos, e vou lhes contar o porquê!
O livro inicia-se com uma "Pausa para Café" escrito pela Tatiana Longo Figueiredo que fez uma pesquisa imensa sobre o processo de criação do românce Café e conta um pouco sobre isso e sobre o Mario. Achei interessante, pois me mostrou coisas que não havia lido nas páginas dos livros de literatura do colégio.
Em seguida iniciamos a leitura do romance que é dividido em duas partes. A narrativa muito bem escrita começa contando intimamente os sentimentos de Chico Antônio, personagem que lhes acompanha e é através dele que conhecemos os outros componentes da história. Mostra a vontade e a imigração, quando Chico resolve sair de sua cidade e ir para São Paulo. É tão bem feito e bem escrito que em um capitulo decifra meu amor por essa cidade, seus defeitos, seus encantos e como funcionava e funcionou a economia do Café.
Cada página é tão rica que você consegue não só entender os sentimentos de cada personagem, como também entender e viver sua cultura de forma tão intensa que sente-se parte dele. Eu coloco ênfase em "cada personagem", pois o Mario é tão brilhante que você consegue saber a história de cada pessoinha que Chico Antônio cruza e acho que isso é brilhantemente proposital, cada personagem veio de um lugar, cada personagem tem sua história e encontra-se em São Paulo por um motivo. E sejamos sinceros, isso é a mais pura realidade do nosso estado. Encontramos aqui não só pessoas do nosso país todo, mas sim do mundo, cada um vivendo e fazendo de São Paulo seu lar, adaptando sua cultura e suas maneiras a cidade grande, tentando a sorte e com vontade de vencer na vida, alguns conseguem e outros não e as páginas deixam isso simplesmente de uma forma clara e encantadora.
Na segunda parte entramos na vida de Quinzinho e de sua familia, dando destaque as suas duas filhas que resolvem viver o 'amor' de diferentes formas. E é quando eu fico indignada e sinto a necessidade de ir buscar o Mario do céu, ressucita-lo e obriga-lo a terminar esse livro tão lindo, tão brasileiro, tão paulistano e tão intenso.
Brava com o "final" do romance, embarquei no dossiê que vem ao final do livro. São imagens de anotações com a criação do livro, de algo que tenho certeza seria sua obra-prima. E ao ler as anotações, percebi o quão brilhante esse cara era e como eu tenho a obrigação e a sede de ler os outros livros recebidos.
Finalizo essa resenha dizendo a vocês, leitores, amantes de livros, amantes dos best-sellers americanos que ler estas 260 páginas talvez seja um pouco complicado para vocês se acostumarem, mas será tão encantador quanto ler algo americanizado. Um livro que todo brasileiro amante de livros tem que ter, sem mais.
Café - Mario de Andrade
written by:
Blog Della
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