Após várias ondas de decepções, expectativas criadas e muita terapia me dei conta que os meus sonhos, são meus. É tão bobo isso, mas pensar assim me trás um alívio muito grande e me faz perceber algumas coisas, que obviamente irei listar aqui, pois qual seria o motivo desse blog se não compartilhar meus aprendizados?

   Decidi ser atriz, na adolescência quando você decide algo e fala isso com convicção, choca adultos que esperavam que estivesse perdida, você se torna um ícone adolescente, uma mini adulta em que os adultos ao redor botam fé, acho que foi quando começou minha ilusão, a ilusão de achar que sempre haveriam pessoas para me aplaudir, acompanhar meu trabalho e amaciar meu ego. Mas a vida adulta chega para todos e encarar a realidade, tendo uma mente tão auto-crítica e auto sabotadora é duro.

   Na minha mente eu pensava que meus amigos e familiares iriam se gabar por ter uma amiga atriz, iriam compartilhar com energia todas as vezes que eu entrasse em cartaz, todos os trabalhos que fizesse, mesmo que alguns dos trabalhos de cunho totalmente experimentais e de gostos duvidosos dos quais estavam servindo apenas de experiência para mim. De alguma forma eu esperava, e os verbos foram colocados no passado recentemente, que ao abrir a cortina ou ao sair para o saguão do teatro, eu fosse encontrar rostos conhecidos, de pessoas que foram lá para me ver, me aplaudir (é importante falar essas palavras todas que vem na minha mente, minha psico recomendou). Acredito que há uma Bruna dentro de mim que só se reconhece quando é reconhecida. Reconhecimento.

     Já perdi as contas de quantas vezes eu me frustrei por criar essas expectativas, de ver colegas de profissão abraçando amigos e recebendo áudios com críticas diversas e aprofundadas, enquanto eu me encaminhava para a carona com meus pais ou para o metrô sozinha. Ou de compartilhar uma foto ou vídeo jurando que receberia alguns comentários e zero, zero pessoas comentaram ou compartilharam. 

    Minha ultima decepção foi recente, ocorreu essa semana. Foram decepções com familiares e alguns amigos.

    Hoje, limpando meu quarto e tentando entender a origem dessas frustrações cheguei às seguintes conclusões e/ou perguntas, todas redirecionadas a mim mesma:

• Quem decidiu viver de arte e consumir arte fui eu e não eles;
• Não sei o que ocorre na vida de amigos para definir que eles simplesmente não me consideram;
• A maioria dos amigos e familiares dos quais me decepcionei, já estiveram presentes em outros trabalhos que realizei;
• Quantas vezes eu compartilhei o trabalho desses amigos? R: algumas;
• Quantas vezes eu deixei comentários que eu gosto de receber quando posto? R: algumas;
• Quantas vezes eu me fiz presente? R: algumas;
• Quantas vezes eu já estive presente em alguma conquista profissional desses amigos e familiares? R: Algumas vezes ou nunca.
• Se este é uma profissão e não apenas um hobbie, por que eu espero que as pessoas ajam como se fosse algo top das galáxias? Se essa é a rotina que quero ter, se quero viver disso, eu tenho que entender que não preciso de todos sempre aplaudindo quando eu faço algo, pois quero fazer muito disso e as vezes dá e as vezes não dá para o outro vir amaciar meu ego por simplesmente, fazer o meu trabalho.